Está disponível no Spotify e em outras plataformas de áudio mais um episódio do “Canalhas!”. Dessa vez, falamos sobre nossa saúde mental e, ao final, amenidades.
Eu, William Rabello, Pedro “UmcaraAí” Arthur e Nathan “Furry” Oliveira (sem redes sociais) participamos do divã coletivo. Como já virou tradição, vou comentar alguns pontos de interesse sobre a conversa.
O link do episódio está abaixo.
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Ser brasileiro é ruim para a saúde mental?
Não sei dizer. Para mim, as evidências são mistas. De acordo com o World Happiness Report, que mede a felicidade no mundo com base em 6 fatores, PIB per capita, expectativa de vida, suporte social, a liberdade de fazer escolhas de vida, generosidade e percepção de corrupção, o Brasil seria o 32º país mais feliz do mundo em 2020. Nada mal.
Em 2014, 91% da população brasileira se considerava feliz ou muito feliz. Poucos países no mundo tinham um número tão alto.
Brasileiros em 2014:
Aparentemente, existe uma correlação positiva entre satisfação/felicidade e renda - o gráfico nesse link mostra bem isso. Esse não parece ser o caso do Brasil, que apesar de ser um dos países de renda per capita mediana, reporta um índice de satisfação alto (top 35). Não sou capaz de explicar o motivo disso.
No entanto, saúde mental e felicidade, apesar de correlatos, não são iguais. Reunindo mais evidências disponíveis no Our World in Data, vê-se que o Brasil está ligeiramente abaixo da média mundial em casos de doenças relacionadas à saúde mental e ao abuso de substâncias como porcentagem da população. Quando considerado o “peso” que essas condições têm no total de doenças que afetam a população ao longo dos anos, o Brasil se aproxima de países da América do Sul e do Norte, além de países europeus, como Reino Unido, Alemanha e Portugal (dados de 2017).
Em 2016, o Brasil se posicionava como um dos países em que menos de 3,5% da população tinha diagnóstico de depressão ao total da população - o que é abaixo da média mundial. Por outro lado, o Brasil é um dos países com um dos maiores índices de ansiedade e transtornos de bipolaridade. Minha interpretação dos dados sugere que o Brasil acompanha a média mundial em casos de esquizofrenia e distúrbios alimentares.
Visto isso, posso dizer que ser brasileiro tem um efeito neutro sobre a saúde mental de alguém? Eu não sei, mas acho que todos os Canalhas gostariam de aumentar os índices de alcoolismo de países ricos - na esperança de que isso se traduzisse em felicidade.
Ser Canalha é ruim para a saúde mental?
No episódio, há demonstrações de tristeza em poucos momentos, mesmo com o país numa das piores situações em todos os tempos. O que me impressionou é que cada participante atribuiu seu bem-estar mental a diferentes fatores. Nathan atribuiu sua melhora à sua filiação com o niilismo existencial e com não utilizar nenhuma rede social, Paulo (eu) ao seu relacionamento saudável e outros hábitos como escutar álbuns, ler livros, Pedro à sua habilidade de expressar melhor seus sentimentos, ter se aproximado da família e malhar e William ao ter adotado um modelo mental de “só se vive uma vez”.
À medida que expressamos melhor (ou pior, como no meu caso) nossas posições, o que se formou na minha cabeça foi uma espécie de mapa, conforme abaixo:
Tais posições não são necessariamente antagônicas, e servem apenas para ilustrar a diferença entre as visões de mundo de cada um. Tampouco são receitas de uma boa saúde mental. Ao longo do episódio cada um expressou diferentes questões que deveriam ser tratadas (ou não) junto de um psicólogo.
No saldo, todos relataram como estão melhorando gradativamente e jogar os problemas para o ar em um programa pode ser uma boa terapia, ou pelo menos uma boa oportunidade para pensar sobre eles.
Mais do que isso, ter bons amigos é bom para a saúde mental e eu (Paulo) posso dizer que me senti muito melhor após ter gravado esse podcast. Pesquisa rápida entre os participantes sugere (mas não confirma) que todos estão bem.
Esse episódio me lembrou de um conselho que eu escuto bastante: “você tem de se expressar”. Eu tenho percebido que os benefícios de falar sobre a sua situação até existem, mas os malefícios de não se expressar são piores.
Por muito tempo, eu relevei situações que me causavam alguma raiva ou estresse sob a alegação de que não eram importantes. Porém, o acúmulo de pequenos eventos me deixou ao ponto de explodir ou, pior, chegar ao limite da exaustão. Por exemplo, pode ser aceitável trabalhar um dia além do horário ou trabalhar em um projeto com um alto nível de pressão por pouco tempo, mas quem quer isso durante todo o tempo?
Também pode ser aceitável lidar com pessoas tóxicas por pouco tempo, mas, como Pedro Arthur e William disseram, temos que nos livrar delas o mais rápido possível, seja seu chefe, seu “amigo” ou seu “parceiro”.
Falar sobre seus problemas é um ponto de partida. Às vezes isso te levará a uma investigação interna ou você poderá escutar a perspectiva dos outros sobre isso. No entanto, o essencial é fazer algo a respeito - nós criamos um podcast.
(Se você possuir qualquer evidência de que precisa de ajuda profissional, procure-a imediatamente)
Recomendações culturais
William inaugurou o quadro de recomendações culturais apenas ao final do episódio #13, mas optei por deixar abaixo as referências que foram dadas ao longo deste episódio:
O menino que descobriu o vento (Drama, 2019, 1h53min). Inspirado por um livro de ciências, um garoto constrói uma turbina eólica para salvar seu vilarejo da fome. Baseado em uma história real.
Comentário: William chorou vendo este filme.
Little Women (Drama, 2020, 2h15min). As irmãs Jo (Saoirse Ronan), Beth (Eliza Scanlen), Meg (Emma Watson) e Amy (Florence Pugh) amadurecem na virada da adolescência para a vida adulta enquanto os Estados Unidos atravessam a Guerra Civil. Com personalidades completamente diferentes, elas enfrentam os desafios de crescer unidas pelo amor que nutrem umas pelas outras.
Comentário: Paulo quase chorou vendo este filme.
Infamous 2 (Ação, 2011, Playstation 3). Blamed for the destruction of Empire City and haunted by the ghosts of his past, reluctant hero Cole MacGrath makes a dramatic journey to the historic Southern city of New Marais in an effort to discover his full super-powered potential -- and face a civilization-ending confrontation with a dark and terrifying enemy from his own future. Gifted with extraordinary god-like abilities, Cole alone has the power to save humanity, but the question is-- will he choose to do so? (Não encontrei sinopse em português)
Comentário: Pedro Arthur chorou com o final do jogo.
Círculo de Fogo (Ação/Ficção científica, 2013, 2h12min). Quando várias criaturas monstruosas, conhecidas como Kaiju, começam a emergir do mar, tem início uma batalha entre estes seres e os humanos. Para combatê-los, a humanidade desenvolve uma série de robôs gigantescos, os Jaegers, cada um controlado por duas pessoas através de uma conexão neural. Entretanto, mesmo os Jaegers se mostram insuficientes para derrotar os Kaiju. Diante deste cenário, a última esperança é um velho robô, obsoleto, que passa a ser comandado por um antigo piloto (Charlie Hunnam) e uma treinadora (Rinko Kikuchi).
Comentário: Paulo chorou…. brincadeira. A cena do soco-foguete e do barco-katana já valem seu tempo.
Interestelar (Drama/Ficção científica, 2014, 2h49min). Após ver a Terra consumindo boa parte de suas reservas naturais, um grupo de astronautas recebe a missão de verificar possíveis planetas para receberem a população mundial, possibilitando a continuação da espécie. Cooper (Matthew McConaughey) é chamado para liderar o grupo e aceita a missão sabendo que pode nunca mais ver os filhos. Ao lado de Brand (Anne Hathaway), Jenkins (Marlon Sanders) e Doyle (Wes Bentley), ele seguirá em busca de uma nova casa. Com o passar dos anos, sua filha Murph (Mackenzie Foy e Jessica Chastain) investirá numa própria jornada para também tentar salvar a população do planeta.
Comentário: Christopher Nolan.
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Se tiver algum comentário, terei o imenso prazer de respondê-lo, seja aqui, no próximo podcast ou numa mesa de bar.
Grande abraço,
Paulo “Preto” César.